A presença de lideranças femininas nas empresas e também no setor público é algo que ainda precisa percorrer um longo caminho para chegar ao ideal.

Liderança feminina: quais são os principais desafios enfrentados pelas mulheres

A presença de lideranças femininas nas empresas e também no setor público é algo que ainda precisa percorrer um longo caminho para chegar ao ideal.

Apesar de já serem reconhecidas diversas vantagens da ocupação de cargos superiores por mulheres, ainda há uma enorme desigualdade de gênero.

Contudo, felizmente as discussões sobre o assunto estão cada vez mais frequentes.

Fatores relacionados à nossa cultura e sociedade são os principais desafios para que as mulheres ocupem mais posições de liderança.

Neste artigo, vamos exemplificá-los e compartilhar dicas para que as mulheres se sintam mais confiantes para buscar cargos de gestão, e para que os homens reconheçam a disparidade e se engajem na busca por um mercado de trabalho mais equitativo. Confira!

Como está a situação de homens e mulheres na liderança?

Os dados apresentados no relatório Women in Business 2021, da empresa de auditoria Grant Thornton, mostram o histórico da presença feminina em cargos de liderança no Brasil e no mundo.

Segundo a empresa, em 2004, quando o primeiro relatório foi realizado, a proporção de cargos de liderança ocupados por mulheres globalmente era de 19%. Desde então, presenciamos um progresso:

  • em 2017, as mulheres ocupavam ¼ dos cargos de liderança;
  • no relatório de 2021, o número chegou a 31%.

Já no Brasil, segundo as Estatísticas de Gênero do IBGE, em 2019 as mulheres ocupavam 37,4% dos cargos gerenciais e representavam apenas 16% dos vereadores eleitos.

Apesar de ainda haver essa discrepância e a escassez de mulheres nos níveis superiores, estudos apontam como um mercado de trabalho e uma sociedade mais justa são vantajosos não apenas para as mulheres, mas também para os negócios.

Em pesquisa de 2019 da Harvard Business Review (HBR), as mulheres foram classificadas por colegas de trabalho como líderes mais qualificadas do que os homens.

Durante a pandemia de Covid-19, o resultado foi mantido — a diferença entre a liderança feminina e masculina, inclusive, aumentou.

Ainda segundo a HBR, nessa pesquisa realizada na pandemia, 19 competências importantes para papéis de liderança foram analisadas.

Os homens pontuaram melhor apenas em “conhecimento técnico/profissional”, enquanto as mulheres receberam avaliações melhores em todas as outras, inclusive nas habilidades interpessoais consideradas mais importantes durante uma crise:

  • capacidade de inspirar e motivar;
  • comunicação poderosa;
  • colaboração e trabalho em equipe
  • construção de relacionamentos.

Quais são os principais desafios da liderança feminina?

Segundo dados do Global Gender Gap Report 2021 do Fórum Econômico Mundial (FEM), o Brasil ocupa a posição 93 no ranking que classifica o desempenho dos países em relação à diferença de gênero.

Questões sociais são os maiores obstáculos enfrentados pelas mulheres para chegar não só a cargos de liderança, mas, muitas vezes, ao próprio mercado de trabalho.

A sobrecarga com atividades domésticas e as responsabilidades de cuidado com a família são alguns dos principais desafios, principalmente em culturas onde há a ideia de que esses trabalhos não remunerados são inerentes ao gênero feminino.

Com a pandemia de Covid-19, a situação pode se tornar ainda mais desafiadora. Segundo estudos apresentados também no relatório do FEM, tem sido observado um declínio do número de mulheres no mercado de trabalho e também na contratação para cargos de liderança.

Infelizmente, essa situação não era inesperada. Como vivemos em uma sociedade onde as mulheres são as maiores responsáveis pelos trabalhos não remunerados, elas foram as mais afetadas pelas limitações decorrentes do isolamento social, fechamento de serviços de cuidado e, principalmente, das escolas.

Além disso, dos trabalhos considerados “do futuro”, ou seja, considerados os mais relevantes para uma realidade de digitalização e automação, apenas os relacionados a “Pessoas e Cultura” e “Produção de Conteúdo” alcançaram a paridade de gênero.

Em cargos que exigem habilidades técnicas mais disruptivas, como Cloud Computing, Engenharia, Dados e Inteligência Artificial, a desigualdade de gênero chega aos maiores níveis.

Essa realidade também tem relação com as concepções culturais de gênero, que muitas vezes relacionam esse tipo de habilidade apenas aos homens, enquanto às mulheres são atribuídas as competências de empatia, cuidado e comunicação.

Como se tornar gestora na sua comunidade ou local de trabalho?

A situação ainda é bastante desigual e os desafios existem, mas não podemos nos esquecer dos valiosos avanços já alcançados ao longo dos anos.

Reconhecer a existência desses obstáculos é o primeiro passo para saber como superá-los e, assim, conseguir realizar os seus sonhos na carreira e ainda abrir o caminho para que outras mulheres tenham um espaço cada vez mais seguro e justo no mercado de trabalho.

Veja algumas dicas!

Busque inspirações femininas

Busque inspirações em mulheres que ocupam ou já ocuparam posições de liderança na política ou nos negócios, mas não foque apenas em pessoas famosas no país ou mundialmente.

Ao observar atentamente a sua comunidade, com certeza você encontrará empreendedoras, líderes e colegas de trabalho com excelentes habilidades de gestão e experiências enriquecedoras para compartilhar.

Apesar da desigualdade, há muitas mulheres em todo o mundo com grandes conquistas e ótimos resultados como líder para você se inspirar e aprender o que é necessário para trilhar a sua jornada rumo à liderança.

Construa uma rede de contatos

Além de começar a observar as mulheres ao seu redor para se inspirar, comece a investir também no seu grupo de contatos.

Muitas vezes, as mulheres não confiam em suas capacidades para ocupar posições de liderança por não terem exemplos, nem uma rede de confiança onde possam trocar ideias, dúvidas, dores e aprendizados.

Não precisa se limitar e construir relações profissionais apenas com mulheres. O importante é que a sua rede seja diversa e formada por pessoas com as quais você consiga trocar conhecimentos e experiências para que todos saiam ganhando.

No entanto, não se esqueça que, para diminuirmos a disparidade entre mulheres e homens no mercado de trabalho, podemos começar nós mesmos a reconhecer a potencialidade feminina e dar espaço e voz às mulheres ao nosso redor.

Planeje a sua carreira

Para chegar a cargos de liderança, é necessário desenvolver habilidades, ter experiências específicas e aperfeiçoar competências inerentes à gestão.

Por isso, é muito importante entender onde você quer chegar e traçar objetivos e metas que direcionem os seus esforços.

Com um planejamento de carreira bem feito, você terá mais clareza sobre os passos que deve seguir e, consequentemente, mais motivação e incentivo para correr atrás do que deseja e enfrentar os desafios do caminho.

Continuar buscando conhecimento por meio de cursos e palestras também é importante para manter-se atualizada e se desenvolver profissionalmente.

Como você viu, a liderança feminina é imprescindível para uma sociedade mais justa e um mercado de trabalho mais diverso e efetivo.

Apesar de as mulheres enfrentarem obstáculos significativos para chegarem a cargos de gestão, a realidade tem mudado nos últimos anos.

Isso deve servir como um incentivo não só para que mulheres que desejam ocupar posições de liderança continuem buscando oportunidades, mas para que a sociedade se transforme ainda mais para reduzir a desigualdade de gênero e contribuir para o aumento da liderança feminina nos setores público e privado.